domingo, dezembro 21, 2008

Breve Contestação das Horas


Eu já contei essa história pra muitas pessoas, e talvez elas não acreditassem por causa de mim.

No dia anterior eu não percebera. Só percebi as formigas de asas, que eu não sabia o nome ao certo, voarem enlouquecidamente. E formando uma espécie de semicírculo só desses insetos, alguns mortos, outros por morrer, vibravam numa rua perto da minha casa. Durante a noite vi que artistas fizeram um Manifesto e nele, além de palavras usuais, saíam palavras outras e entre elas, formigas. Comecei o dia lendo no jornal colegas que eu não gostava. Passei mal, de verdade. Um amigo que me visitava me levou no carro dele. No caminho ele não parava de falar sobre coisas que eu gostava. Achei que estava melhor até a hora que entrei no hospital. Me deram muito soro, enquanto eu espera descobri que outras pessoas notaram os insetos. Mas falaram de besouros. De qualquer forma não sabia que tipo de inseto tinha visto, eu não era um especialista no assunto, duvido que esse outro também fosse e além do mais, notei que também estava doente. Uma criança na minha frente tomava soro que era ligado pela agulha nas costas da mão, essa criança tinha olhos de formiga. Decidi ir a pé mas passei mal e sentei, era um ponto de ônibus, havia uma mulher com óculos escuros, ela falava baixo com seu filho, repreendendo-o por que ele corria. Foi importante, pra ele parar e começar a fazer o que foi realmente extraordinário. Pombas bicavam errando naquele concreto rachado e o menino começou a andar lentamente em direção a uma com um olhar fascinado e com um sorriso que eu não saberia. É claro, desacreditei o menino. A mulher levantou, chamou ele, o ônibus dela se aproximava. Ele foi mais decidido em direção a pomba que voou até ser presa nas mãos dele. Um grito de satisfação. No dia anterior eu não percebera. O ponto ficou vazio a não ser por mim. Eu então teria que ter caído e morrer. Mas deduzi várias coisas. O.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Nome


Os restos do manganês
do plutônio
do rádio
dos risos
e seus instintos

segunda-feira, agosto 04, 2008

Todo Mundo Morre é

Todos os acordos, escritos. Toda sorte de acertos. Escritos. Não faltas, perseverança. Confirmação, agora.
É que buscavam ou percebiam, achavam, não sei: Apocalipse. O que acontecia, uma e todas as coisas. Confirmação da palavra de sua fé. Como pra acabar a navegação. Não sei essa vontade de ver nessas coisas, nos acontecimentos, o fim do mundo.
Um arsenal com pecados. Uma fé forte nas suas cordas no cérebro, neurônios marcados, bons. Meu olho pode vibrar e personagem. A pessoa não me diz — será que sabe? — é personagem, pra matar — ou pelo menos ameaçar — sua madrasta diferenciando ao contrário dos contos de fadas. Assim. O fim está próximo.

quinta-feira, julho 17, 2008

Continua Vendo Mágicos


Caídos ou caiados
é difícil ler
nos carros
e suas expressões
seus motoristas
e nos acidentes, os olhos
andam por sua cara
assustado ele incorpora
um poeta e diz
versos de morte
e amor
na última hora,
seu corpo partido em dois

De Olhos Fechados Na Esquina




Voltava andando depois de ouvir uma conspiração e vi num carro o Che Guevara, estava num carro — dirigia — e na boca um cachimbo. Não um charuto, mas não estranhei isso de inglês. Che tinha barba e boina. Se não era ele, então ter morrido mesmo de olhos abertos, alguém agora tinha sua cara e por isso tenho a certeza que os olhos desde que vi não eram os dos livros. Vi-o não em uma camiseta na frente de alguém. Tive vontade de sentar como uma criança no chão perto da cadeira onde ele estivesse sentado pra ouvir suas histórias, sem saber qual querer saber mais, as de antes dos olhos ou as de agora e, admirado das histórias, rir sozinho de minha sorte.
19/MAI/2008 madruga, 01:25.

terça-feira, junho 10, 2008

tenho esse problemas
de morte por aparência
e não acorda
dessas palavras
tortas e inacabadas
Mas portas em papel
emboca. Nas cabeças.




quinta-feira, maio 29, 2008

Paltiel Gerstendrescher um Escritor Falhado

[de uma tradução pelo google, e de mudanças pequenas que fiz]


Ou Schriftstellerfalschsprechen


Paltiel Gerstendrescher, um escritor falhado, fala iídiche, que vive no Brasil, enviou várias cartas e ele publicou um livro próprio para o narrador, que é um proeminente escritor. O narrador é seduzido em visita ao Rio de Janeiro, Paltiel é surpreendido ao encontrar uma mulher escandalosa uma vez que ele sabia, em Varsóvia, Lena Stempler, é a esposa de Paltiel. Lena diz que é possuído por um dybbuk, espírito de um morto amante que ela pretende torturar. Paltiel parece decepcionado com o narrador e nada amigáveis. Ele e Lena briga; Paltiel folhas. Lena fala sobre sua solidão e horrível a forma como a dybbuk foi localizado em seu estômago, onde se pode sentir a sua face. Ela o narrador ir para o jardim e, e sentar em uma rede onde ele se sente o ritual em seu estômago. Ele acredita que isso seja um tumor ou nós minúsculos nos músculos. Lena diz a ele que ela e Paltiel ter esperado para ele vir e salvar sua situação desesperada. O narrador pensa que ela é um mentiroso, um exhibitionist(e é mesmo, é), e de louco, mas ela beija. Os colapsos nas espreguiçadeiras e eles se dividem em um pântano de urtigas e picadas de mosquitos, que morder-lhes sangrenta. De volta para a casa, Lena diz que devemos amar Deus deles; ele punido antes do pecado. Mais tarde, em Nova Iorque, o escritor recebe uma torrente de cartas e manuscritos a partir dum jovem. Ele mais tarde aprende Lena ter morrido de câncer, e Paltiel foi colocado em uma instituição mental.

sexta-feira, maio 09, 2008

Só Arrumei o Banheiro e Tchau

10/DEZ/07





As escovas de dente penduradas em um trançado – vindo do norte do país – uma a cima da outra. A vermelha, a azul, bem clara, e a verde. A vermelha era nova; a azul, muito velha, dá a impressão que é usada há décadas; a verde não se percebe se é nova ou usada.
As camisas pendiam também, essas, velhas de uns pregos velhos na parede perto da porta. As usadas mesmo estavam num cesto, pra serem lavadas dali a dois dias, no sábado: as camisas velhas seriam pra limpar o chão.
Um homem sentado no chão. Está descalço e massageia os pés devagar, sem pensar em nada. O homem tira a camisa, a pendura; tira a calça, um jeans velho.
Ouve alguma coisa e, de cueca, sai do banheiro e investiga, pela janela da sala, alguém vem em direção da casa. Ele tira a cueca, espera em frente à porta. A casa é velha, ele pensou. Andou apressado até o quarto, vestiu uma calça jeans e também uma camisa vermelha e muitas vezes se sentia apertado nela – agora não.
Quem batia na porta era uma mulher, nova.
— Oi, ela disse.
— Sou novo aqui.
— Eu sei, ela cortou rápido. Ele esboça um sorriso, diz:
— A casa é velha, mas eu gosto.
— Já morei aqui. Ela olha por sobre o ombro dele.
— Quase ainda não mudei nada. Ah, você quer entrar?!
— Minha mãe disse que eu podia achar algo que ela deixou aqui, mas faz muito tempo. O banheiro ainda tem piso vermelho?
— Ainda sim, eu gosto.
Ela entra, ele atrás.
— Você mora aqui sozinho?
— Vão chegar mais tarde, ele responde, depois de uns segundos diz ainda: Daqui a alguns dias, mais dois.
A casa ficou fechada duas semanas, quando a última família saiu.
— Minha mãe diz que quem sai daqui é pra melhor.
— Por que a casa é antiga?
— Antiga e velha.
— Eu não olhei tudo ainda, alguns cantos parecem mastigados.
Ela sorri, diz que a casa não tem importância. Só arrumei o banheiro.
— Esse aqui era o meu quarto.
— Vou dormir aqui.
— Vão precisar de empregada?
— Nos arrumamos sozinhos.
Ela olhou pra trás, continuou.
— Não vou encontrar, acho que a minha mãe brincou comigo e deve ser porque eu sempre quis guardar algo que permanecesse bastante tempo escondido.
Foi saindo, disse que esperava que eles gostassem, se dessem bem, lá.
Vamos sim, respondeu.
— E agora toma cuidados redobrados, por causa dos terremotos.
— Eu não senti, cheguei hoje.
— Ah, é! Eles não acontecem muito, acho que talvez não aconteça mais. Agora ela ri e olha pros lados, já está do lado de fora. Tchau.
— Tchau, nos falamos.
— Sim, ela ainda responde. Vai embora.
Ele tira a roupa, toca na parede e senti um pequeno tremor. Deita no chão, de travesseiro o próprio braço, dorme, o mais normal nessa quinta-feira.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Mas, com certeza, agora ele aprendeu


Use o bom senso e o ouvido
(no meio) nas montanhas.
Agora que
algures,
quando o infinito: um sujeito
depois de uma página
prejudicar o fechamento
produzirá monstros,
Nos tetos, esfinges
Alguns deles, ainda que vivos,
depravam e depravam
um dia. Queimado.
Além disso, praticamente,
desaparece.


16/Dez/2007

Não Conheço Ninguém Por Nome


Obrigado à Hilda Hilst porque fiz esse fragmento e especialmente por causa do ‘vão da escada’.









Queimar as pílulas pra não jogá-las na pia: era isso. A piada. Uma estratégia. Alguém ajudando no pé do ouvido dizendo. Dizendo ajudas, mesmo que não adiante, queime os remédios.
As histórias aqui, que você diz, não é o quero que você entenda! entenda!
Uma terceira voz fala: obedecem. Gesticula um. Ninguém quer dizer que na gaveta fácil do criado mudo — caixas cheias com aquele remédio. Amigos de pó ou do pó.
Eu sei descobrir se você está ou não dormindo nesse quarto, onde fica o criado mudo. Meu ou mal. Sempre você: ou é bem ou mal. Não há desculpa por você não se desculpar. Debaixo do umbral desse quarto você não diz não. Mal, eu admito. Mas sem desculpa. Cruzem os dedos ou rezem. Não dá um ano isso dos remédios. Alguém pensa que se uma quarta voz aparecesse as coisas andariam bem. Volto a ressaltar depois desse pensamento de alguém que os remédios — que não são remédios — não tem importância, era já pra ter dito isso antes. Alguém sai e agora só há homens no quarto. Querem esperar uma mulher. Outro espantado respira e seu nariz — fino e longo — fica vermelho e expande e dilata e estreita. Um com voz bonita, mas que não canta graças a deus, fala sobre as importâncias. Não resistem, vamos sair, ir pra sala.
Rir seria uma saída pessoal pra todos, mas juntas ficariam como gente louca e todos não queriam isso. De novo o dinheiro, quando não se fala dele, agora, ele vem antes. Eu sabia sabia, eu já sabia, alguém diz. Na sala cadeiras azuis e pequenos quadros verdes na parede. Eu queria ser aquele remador. Alguém contrai a face e contraria esse último falando ah, por favor, sem isso!! Ninguém ainda fez pergunta aqui. Eu fiz. Eu fiz.
Parem vocês, gente louca!
Minha gente.
Quero dizer que não há nada que impeça que o que está acontecendo seja contado.
Não contarei,
Eu não contarei:
Ninguém me conta nada.
Por várias mãos, eu me humilho. Alguém diz que não venha com essa como os sentimentais de merda que sua mãe lhe fala e ainda todo dia. Isso não é verdade! Olha só, prestem atenção em mim: Eu perdi palavras que anotava neste caderno, um diz folheando um papel, ali ele dá recitas. Numa casa de mulher só há homens disparatados. Isso de novo não!
Quem vai falar quando chegarem?!?
Você não pense em escrever com essa letra de médico.
Mas minha letra era bonita, só foi ficando arrasada — arrastada — quando comecei a fazer medicina.
Pessoal, calma: a morte é uma coisa terrível, ainda. Vamos vestir roupas diferentes. Todos concordam, Essa última voz parede com outra voz, de um deles. Ninguém liga. Com cabeças pra baixo saem da sala.
Um corpo está no jardim, retorcido. Se retorceria mais se estivesse vivo. É o corpo que eles temiam por morrer a cada milésimo que apodrece. Todos com tanto amor. Mas aquela mulher no jardim, morta, viveria se por eles ela dependesse. Todos ainda desejam seu corpo que há poucos dias já tinha sido deles, separadamente. Se entenderam depois quando se encontraram. De quem ela era se estava no chão caída de cima de seu quarto. Tudo é tão preso neles que agora ela é mais que livre, morta. Não conheço você: transpor esse umbral. A loucura parece melhor que isso. Todos dizem sim. A loucura saia barata. É mesmo, dizem. Transpor esse umbral.
Então tá: vamos dizer que não somos nada e ela?
Você não vai conseguir pensar assim porque ela não era abstrata.
Finalmente alguém que eles queriam chega. É tão novo quanto uma criança grande e lúcida. Logo se vê que é um prodígio irritante, diz que ela diria que eles estão com ela no vão da escada. Ninguém podia se olhar como no começo.

sábado, fevereiro 16, 2008

DES








fiz uma volta
e mesmo o vento
que é sem país
e como alguém
renegado antes de nascer
e desaprendido de números
conto.
e seria mais que bom
se dissesse
nada mais oportuno que um
desconto
e nada falasse.
Marte.