quarta-feira, março 31, 2010

desaparecidos






Nos ajudava, e íamos
estar trocados
e sem fome, esbeltos
com cara boa.

Nós aspirávamos o ar
ainda antigo da outra semana
preso debaixo da mesa, ele dizia
quem a própria cara espanta
a alma estica pra fora.

Era o medo. Da lápide.
Aqui jaz. Não a infância.
Não a memória.
A nossa força, a nossa força.

Guia — para Regina






Eu sei respirar
não é psicografia
sou eu mesmo quem fala
e não expira

Torço cada ângulo
dessa vida
antigamente era raro
hoje sou cria
dos nós que tinha

a flecha lançada
não desvia
mas você teria que
cruzar tantas esquinas:

o frenético camaleão
de leão são meus ossos
arrancando grandes nacos
das Eras,

sou todas
as belezas
da Quimera.

domingo, março 14, 2010

Seria Poesia




um truque certo
habilidades não previstas
podia ter me ensinado, reclamo

só recrio um desdobramento
lembretes de dia a dia
do material frio

arma perna
da palavra
resto e asma

troca da batalha já perdida
pela espera, a gota invertida
que volta pro céu.

quarta-feira, março 10, 2010

trama






torce
o pescoço
ávido no sopro
e esquece a dose

ataca o osso
no azul de
qualquer canto

o papel cresce
mas a água
o próprio rumo

tudo afunda
e acontece
no esquecido mundo

segunda-feira, março 08, 2010

...plantar gerânios


 
Para de vir em si mesmo
E mais
E os erros que sabemos
Geram flores?
(gerânios?)
Digo que errei a raiva
A tristeza ou magoa
Pra acertar a palavra
Do seu rosto que vejo todo dia
Que loucura que não vou
Sem paz para

Mil Vezes

Uma carnificina
uma carne sem amor
oficina sem luta,
dor: espaços
Aumento o zoom mil vezes
e não enxergo
o obvio fim, detesto
sem esforços
a rotina dos meus ossos.

Todos os dias como são

mania por mania por
por por propor mania
as por propor manias
manias manias propor
as de qualquer mão
propor qualquer sorte
propor que as repita
mania por mania por
manias