quinta-feira, dezembro 27, 2018

Dezembro e nós

Um encontro consigo mesmo
a criança debulhada
que espera a festa num
escrito em Dezembro

a mulher de trinta anos
é forte quando somem
na luz que acaba
as faces que conhece

o homem de trinta anos
germina pequenas
sementes e suas pequenas árvores
como se criasse seu mundo

Mas torcem o fim de ano
como a roupa úmida
querem estender ao Sol
palavras e palavras também.


segunda-feira, dezembro 24, 2018

Coisas -Things

Ontem
Muitos irão perceber
provavelmente

Estamos presos
amanhã particularmente

Em casa no celular
irracionalmente
Hoje




Yesterday
Many will realize
probably

We are stuck
tomorrow
particularly

At home on the cellphone
irrationally
today

Rainy and almost despair day
seg 08/10/2018

domingo, dezembro 23, 2018

clime

My hands are small
compared to yours
I've noticed this morning
the wind was warm
but our skins
are in goosebumps
life is ahead
if you not allergic.

08/06/18
outono

quinta-feira, outubro 04, 2018

Fim

Faremos um dia
uma autópsia
examinaremos a nós mesmos

sem recurso cortante
mas mãos que tremem

os demônios já cansados (e azuis)
as palavras já desencontradas (demovidas)

noutros sentidos a angústia
camaleão e polvo nos restarão

dos sentimentos restos deixados
na praia depois dos milênios 

o mar voltará vingador
o final em silêncio 

por que as palavras que ainda
usaremos não terão outro 
significado que outro significado.





quarta-feira, julho 25, 2018

Onde

Esquecemos aquela pessoa
antes por meses
tão à espera de se ver

digo
eu esqueço a música
nunca esquecida durante
aquela semana

as palavras perdidas
na memória
guardadas no papel
um tanto úmido e mofado
(e em blogs nunca visitados)

ou tudo isso pode ser
como estações do ano
a certeza que a chuva volta

Só o que fazemos é esperar que
voltem
as conversas calorosas e honestas
a música que comove
a escrita que nos justifica
eu me indago

Será isto grande parte da vida
ou a vida em si
ou só eu penso assim
enquanto todos continuam
futuro à frente

e não param todos os dias
na calçada e fingem procurar
o nome da rua
quando na verdade
pensam onde foram parar
todas as coisas.

terça-feira, julho 17, 2018

Um dia

Não sou mais aquilo que pensou
o rosto ainda permite esconder?
seus suores bons e ruins

no rio que mergulha o frio
a corda tensionada e áspera

rios que sobem
árvores que andam

no pulo eu flutuo
a rasa ânsia como lembrança

não posso lembrar de ninguém
enquanto não esquecer de mim.

Não seria

Poderia eu ter sido mais alegre
luz seria vista pelos dentes
girassóis que nutrem apertos de mãos


seria então uma chamada perdida
a depressão
o desejo tão profundo
do não desejo de viver

grandes livros lidos
enquanto se abre a janela
o dia frio o dia quente
um dia assim

Mas não espere isso
é só
a volta acontecerá
para o nada
é só.

E é bom.



sábado, abril 28, 2018

mancha

qualquer fulgor já passou.

E mesmo tanto cloro
por tanto tempo deixado
não deixa nada mais claro.

sexta-feira, fevereiro 23, 2018

atrás

hoje não sabemos ao certo (um meteoro)
se o clarão visto foi mesmo

será confirmado amanhã (o livro de Kafka)
a esperada encomenda

não pode-se mesmo ler (no chuveiro)
e matar-se na chuva


terça-feira, fevereiro 13, 2018

Errado eu

Não há por onde
não encontre o erro
na nova manhã no cheiro
do corpo lavado
no corpo comprado
na nova pessoa o erro

No sorriso que escreve 
na areia e na dança o erro
no bom dia e no desejo
e na pintura o erro
no silêncio no passado
na tempestade do passado

no futuro desencontro
os erros crescendo
nada se descarta
mesmo no fingimento
naquele acerto que me pareceu
na hora o erro.

quinta-feira, janeiro 11, 2018

Possível


O futuro hora
disperso e safado
ora com um cigarro
pego do chão
o gosto das bocas
e dos pés me olha

sem bater
quem nos visita
à noite sem braços
olhos claros invisíveis
imutáveis beijos
inabaláveis surras

enquanto erguermos
a escultura que se costuma
salvar à o mar

asco e cobre
que nos afoga
o passado que não morre.