Dezembro quer saber
se sou adulto
se com a voz que tenho, canto
se a chuva é ainda ameaça
se o escuro é também meu
aliado, o mais leal
de todas as horas quer saber
da intimidade menos
interessante, do copo de água
meio gelado que tomei ontem
à noite
se o café saiu como
esperava naquela manhã
quer saber se sei que fechar
o ano é nada mais que deitar e
pela manhã ser algo quase nada
diferente
esse ano pra frente
aquele pra trás
quer saber se posso esquecer
se penso em escrever
se vou levando esse
sobressalto essa
tranquilidade
de ser gente
que nem dezembro
e nenhum deus sabe
respondo
sorrisinho assim
misterioso.