Não tenho por onde falar
e o perigo de parecer místico
neste voto de silêncio
mas tenho por decidir
o passado, as flores postas
na água tardiamente
ou ainda este presente
radioativo
lavo minhas roupas na chuva
fervo a água de nossas conversas
que a rede estica e encolhe
me encolhe
a casa que construirmos já
destruída
ou não sabemos escrever
nos destroços
conhecemos já as pedras
e temos nossos dentes.
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