quinta-feira, agosto 29, 2019

o que será

A caixa preta
do Tempo
a mão (velha/nova) abre
e recorta os tecidos
de vida e morte
e os costura à própria mão

a anatomia do Esquecimento
(de um rosto amanhecido
de uma voz que se avizinha
do estrangeiro que nos abraça)
é a Linguagem
afinal o futuro também se esquece

Na manhã quente e clara
confuso por um vizinho
um estrangeiro nos abraçaria
no aeroporto.



Agora

Me desculpe ainda
sou quem eu era
e mal e esperançoso
era marginal e atencioso
era inteiro e machucado

Eu que era tão banal e
indecifrável
que teria atirado e visto
os corpos ainda quentes
no chão
mas que só estendi as mãos

para lhe escrever
para me distanciar
e viver

Ainda que eu sussurre
nas fotos antigas, corra, corra
me perturbe um algo trivial
ainda agora

o agora.