quinta-feira, março 07, 2013

O Cachorro Azul



Certa historia indefinida, magra e que andava arrastando correntes no chão, uma história fantasma. No caminho para o trabalho eu acordo. Eu acordo e ainda é noite, o dia não passou. Percebo que tenho essa falta de olhos nas horas. Pensei que poderia estar na janela e uma brisa leve e fria no meu rosto. Definitivamente não quero me importar com outras pessoas. O celular toca, e um favor, buscar meu sobrinho na escola. Com o sobrinho eu me importo. Corro, já está noite. Meu sobrinho aguarda com uma cara qualquer, alheia. Tem sete anos. Ele diz que gostava quando o levava de moto. Me faz rir. É um menino quieto, se parece com o pai. Às vezes pensava que a melhor relação que poderia ter com meu irmão era com o filho dele. Meu sobrinho era impressionado por uma história em especial, O Cachorro Azul, que é uma história contada na família. Minha mãe tinha terror de várias coisas, mulher muito temente, uma de suas superstições tratava de cães brancos, os machos. Não se podia ver um em dia de chuva ou que ia chover, e mesmo que tivesse chovido no dia anterior que já ficava tremendo. Isso vem de quando era pequena e a vizinha lhe falava do cão branco e contava a tal história. Num belo dia uma senhora muito gorda passou pela rua e disse (para essa vizinha), ‘que vai chover, só espera’. Logo às onze da manhã, um mendigo conhecido da rua, passou comendo um cenoura e disse ‘olha só aquela nuvem gorda’. Mas a vizinha investigou o céu e nada viu. Às três da tarde uma criança vinha correndo e deixou alguns de seus pertences cair, a vizinha ajudou, e na dúvida, quis saber daquela pressa toda. ‘Minha mãe disse pra eu não sair, que ficasse atento, se começasse a chover eu tinha que tirar todas as roupas do varal’. ‘ Mas, garotinho, hoje não vai chover’. A criança tranquilizou-se. “Só que se chover o meu cãozinho branco vai vir pra te morder”, ela gargalhou do que a criança disse. (Nesse momento minha mãe parava e nos olhava como se esperasse mais alguém chegar) Nenhum cachorro a visitou.
Entrego o sobrinho. Todos ali com cara de assustados, todos minha mãe. Entendo que algo horrível aconteceu e que é pra passear com o garoto, o próprio agora já assustado. Que não vida.

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