sábado, dezembro 14, 2013

Irmãos

chegamos todos juntos à festa
ao jantar
nos olhamos desejando não nos conhecer
Escapávamos dos gestos comuns que automáticos
eram repetidos

As luzes de natal tinham textura mais sombria
a languidez da bondade era limpa das prateleiras
por uma senhora da idade média
quando a sala toda estava vazia ou parecia estar

Demos as mãos como alguém fez supor que deveríamos
não pude fechar os olhos mas ninguém pode
O cheiro da carne e do pão e do vinho
assim que  notamos era sentido na mesa
que agora circundávamos

fizemos diversas orações que perduraram por séculos,
dada a ânsia que alguns arfavam os peitos e piscavam os olhos
fugi no momento em que nos foi permitido cear

ainda guardo a imagem dos homens com facas.
Quem não fugiu está morto
nós ainda vivos, aguardamos
seremos os retornados
no final de mais um ano
a incerteza o medo e a raiva nos consumirá
até depois que o mundo morra.

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