Não há nada de
especial
Você verá
nesse vigésimo
mais três
no mês que matará o ano
e nada de especial em esperar
crê ainda que nos amará
hoje eu comemoro
aquilo tudo que não me importo
os rumos os gestos
estranho
os cumprimentos tortos
(o circo nos olhos)
(a liberdade e a leveza)
Mas refaço, hoje aniversário.
segunda-feira, dezembro 23, 2013
domingo, dezembro 22, 2013
sábado, dezembro 14, 2013
Irmãos
chegamos todos juntos à festa
ao jantar
nos olhamos desejando não nos conhecer
Escapávamos dos gestos comuns que automáticos
eram repetidos
As luzes de natal tinham textura mais sombria
a languidez da bondade era limpa das prateleiras
por uma senhora da idade média
quando a sala toda estava vazia ou parecia estar
Demos as mãos como alguém fez supor que deveríamos
não pude fechar os olhos mas ninguém pode
O cheiro da carne e do pão e do vinho
assim que notamos era sentido na mesa
que agora circundávamos
fizemos diversas orações que perduraram por séculos,
dada a ânsia que alguns arfavam os peitos e piscavam os olhos
fugi no momento em que nos foi permitido cear
ainda guardo a imagem dos homens com facas.
Quem não fugiu está morto
nós ainda vivos, aguardamos
seremos os retornados
no final de mais um ano
a incerteza o medo e a raiva nos consumirá
até depois que o mundo morra.
ao jantar
nos olhamos desejando não nos conhecer
Escapávamos dos gestos comuns que automáticos
eram repetidos
As luzes de natal tinham textura mais sombria
a languidez da bondade era limpa das prateleiras
por uma senhora da idade média
quando a sala toda estava vazia ou parecia estar
Demos as mãos como alguém fez supor que deveríamos
não pude fechar os olhos mas ninguém pode
O cheiro da carne e do pão e do vinho
assim que notamos era sentido na mesa
que agora circundávamos
fizemos diversas orações que perduraram por séculos,
dada a ânsia que alguns arfavam os peitos e piscavam os olhos
fugi no momento em que nos foi permitido cear
ainda guardo a imagem dos homens com facas.
Quem não fugiu está morto
nós ainda vivos, aguardamos
seremos os retornados
no final de mais um ano
a incerteza o medo e a raiva nos consumirá
até depois que o mundo morra.
sexta-feira, novembro 15, 2013
dicio
Iquitirícia.
Do grego Ink: tinta (ou do inglês).
Amarelo, esgotamento.
Todos nós do esgoto
se mostrando, subindo
essa escada e sair do bueiro
ir pra rua. Pra se
vingar.
Do grego Ink: tinta (ou do inglês).
Amarelo, esgotamento.
Todos nós do esgoto
se mostrando, subindo
essa escada e sair do bueiro
ir pra rua. Pra se
vingar.
segunda-feira, novembro 04, 2013
FB
tanta gente online
e tanto por dizer:
Me faça massagem,
Me limpe as sinapses
e para continuar a rima
tomo estriquinina
e tanto por dizer:
Me faça massagem,
Me limpe as sinapses
e para continuar a rima
tomo estriquinina
sábado, novembro 02, 2013
Se Não Se
O que sinto tem a métrica
ausente no que escrevo.
Estando pronto para sumir no abismo
descobrimos que aquele poeta se matara.
Se teve tempo onde arrumasse as malas
as meias certas a camisa exata.
as sombras criminosas dos vizinhos
enquanto ajeito o quarto para que não pareça fuga.
Por um momento a realidade me deixa sem dentes
e te olho, me aceitando imperfeito por quanto eu mastigar.
decidimos voltar a versos mínimos
à extinção das estrofes.
Indiferentes às cidades (que sacrilégio)
o pingo do sol à tarde nos vemos.
Então é assim que nos conhecemos me pergunta
não existe cinema não existe literatura.
Que encurve nossos efisemas, nossas surras
Mas ainda hoje trocamos nossos centavos na rodovia
Mas não sei como ser mais se
claro,
andamos.
ausente no que escrevo.
Estando pronto para sumir no abismo
descobrimos que aquele poeta se matara.
Se teve tempo onde arrumasse as malas
as meias certas a camisa exata.
as sombras criminosas dos vizinhos
enquanto ajeito o quarto para que não pareça fuga.
Por um momento a realidade me deixa sem dentes
e te olho, me aceitando imperfeito por quanto eu mastigar.
decidimos voltar a versos mínimos
à extinção das estrofes.
Indiferentes às cidades (que sacrilégio)
o pingo do sol à tarde nos vemos.
Então é assim que nos conhecemos me pergunta
não existe cinema não existe literatura.
Que encurve nossos efisemas, nossas surras
Mas ainda hoje trocamos nossos centavos na rodovia
Mas não sei como ser mais se
claro,
andamos.
quinta-feira, outubro 10, 2013
Ainda insisto que você pode ouvir
a música nas minhas linhas
omoplatas erguidas as vezes de orelhas
à guisa de um tapa à face, um beijo
Um surdo que te encanta
enquanto anda, o gesto é de graça
em libras em vidas
também eu remoo insignificâncias
os dentes um desenho animado
se rachando, a língua estrangeira
me falando
Mancamos até anteontem sorridentes
escovados, o nariz limpo
o sangue sem alcoóis, a alma sem erros
A partitura fugitiva
trégua nos sons sem silêncio
te ofereço um dia de folga,
sem veneno.
a música nas minhas linhas
omoplatas erguidas as vezes de orelhas
à guisa de um tapa à face, um beijo
Um surdo que te encanta
enquanto anda, o gesto é de graça
em libras em vidas
também eu remoo insignificâncias
os dentes um desenho animado
se rachando, a língua estrangeira
me falando
Mancamos até anteontem sorridentes
escovados, o nariz limpo
o sangue sem alcoóis, a alma sem erros
A partitura fugitiva
trégua nos sons sem silêncio
te ofereço um dia de folga,
sem veneno.
sábado, outubro 05, 2013
Hoje te vi
A mastigação será nossa música
seremos vacas eternas em nossos dentes
os entes queridos irrestritos desde que nascemos
nos acolhendo em braços castigados e sãos
A harmonia de nossas testas o único design do nosso quarto
eu sempre o barro possuo ainda assim a mutação
nas palavras ainda sim que só nas palavras
muito vento entra pela janela você diz
descortino um sorriso enquanto os livros o protegem
Ou esqueceremos um no outro o que nunca existiu
não me pergunto enquanto escrevo só vejo, vejo
as respostas todas em você me decidem
Há algo de descontínuo em nossa crença (de fim em o que não terminamos)
de inquebrável no que criamos
de radioativo no que esperamos
de insuplantável (nos outros)
em que nos plantamos.
seremos vacas eternas em nossos dentes
os entes queridos irrestritos desde que nascemos
nos acolhendo em braços castigados e sãos
A harmonia de nossas testas o único design do nosso quarto
eu sempre o barro possuo ainda assim a mutação
nas palavras ainda sim que só nas palavras
muito vento entra pela janela você diz
descortino um sorriso enquanto os livros o protegem
Ou esqueceremos um no outro o que nunca existiu
não me pergunto enquanto escrevo só vejo, vejo
as respostas todas em você me decidem
Há algo de descontínuo em nossa crença (de fim em o que não terminamos)
de inquebrável no que criamos
de radioativo no que esperamos
de insuplantável (nos outros)
em que nos plantamos.
terça-feira, setembro 03, 2013
sim são problemas
sua cabeça a torre eiffel
de onde olho a noite
sob vertigem
encostado ao muro enquanto fumo
ainda o ópio
da sua mensagem no celular dos intestinos
digo por dentro dessa ambulância
que é qualquer tremor que você faça
menos sete na escala úmida das horas
a jaqueta me causa endometriose
prometo não dizer sangue
ou qualquer coisa dos seus pássaros com
dentes da infância, prometo fingir isto de
música
e também ser homem
e estudar
pensar em mãe/pai
não ficar mancando/imaginando
o terrorista medieval que poderá
sair de sua boca
não.
de onde olho a noite
sob vertigem
encostado ao muro enquanto fumo
ainda o ópio
da sua mensagem no celular dos intestinos
digo por dentro dessa ambulância
que é qualquer tremor que você faça
menos sete na escala úmida das horas
a jaqueta me causa endometriose
prometo não dizer sangue
ou qualquer coisa dos seus pássaros com
dentes da infância, prometo fingir isto de
música
e também ser homem
e estudar
pensar em mãe/pai
não ficar mancando/imaginando
o terrorista medieval que poderá
sair de sua boca
não.
domingo, agosto 25, 2013
segunda-feira, agosto 19, 2013
hoje, meu duplo me ignora
que seja ele a feder então, eu
como antes
não lhe cubro mais os pés na tentativa vã
em esquentar nossos miolos
Que não me olhe hoje abestalhadamente
um bobo qualquer burro que seja agora
enquanto prevejo esquemas sem paranoia
embora nos cuspam por igual, sou quem
conhece o amor, a desordem, a raiva,a rejeição
Pretende se vestir não se olhando no reflexo
ir a essa festa de aniversário enquanto se ajeita todo o tempo
torce para que as velas teimosas falhem em dobro
isto é
além de não acenderem de novo na primeira assoprada
deixem tudo no mais puro breu
e num vislumbre (ainda haverá luz?)
me notar.
que seja ele a feder então, eu
como antes
não lhe cubro mais os pés na tentativa vã
em esquentar nossos miolos
Que não me olhe hoje abestalhadamente
um bobo qualquer burro que seja agora
enquanto prevejo esquemas sem paranoia
embora nos cuspam por igual, sou quem
conhece o amor, a desordem, a raiva,a rejeição
Pretende se vestir não se olhando no reflexo
ir a essa festa de aniversário enquanto se ajeita todo o tempo
torce para que as velas teimosas falhem em dobro
isto é
além de não acenderem de novo na primeira assoprada
deixem tudo no mais puro breu
e num vislumbre (ainda haverá luz?)
me notar.
segunda-feira, julho 01, 2013
eu ainda louco eu ainda vejo eu ainda cinema
a câmera visita
como num filme curto
que você não gosta
os passos
ou não vá embora na metade
da sessão
ou no duo ao piano tocado ao dente
desumano o sopro não da morte
apenas do adeus
fecho os olhos enquanto subo essa escada
degustada em horas de alumbramento
o cacho dos olhos escorrem
feito o amor naquela nossa tempestade
tudo está onde não vejo, filme e seus ossos
um vento sem nome, ainda um esquecimento.
como num filme curto
que você não gosta
os passos
ou não vá embora na metade
da sessão
ou no duo ao piano tocado ao dente
desumano o sopro não da morte
apenas do adeus
fecho os olhos enquanto subo essa escada
degustada em horas de alumbramento
o cacho dos olhos escorrem
feito o amor naquela nossa tempestade
tudo está onde não vejo, filme e seus ossos
um vento sem nome, ainda um esquecimento.
quinta-feira, junho 20, 2013
sábado, junho 15, 2013
quem nos viu nascer
![]() |
oswaldo goeldi |
ou tudo que nos sobrou
enquanto a beleza do aerossol
entra por la ventana
not only kills the flowers
como dissesse que
esqueci de quando me interessei por você
qui m'a jamais dit
estamos perfeitamente sãos e isolados
porque nada nos ocorreu
moramos nos países dissolvidos
por oceanos microbióticos
sei que você não veio das profundezas
só para me encontrar como num sonho
mas ainda continuarei traduzindo cada migalha
deixada por você no meu caminho.
domingo, maio 19, 2013
Cecília Meireles
Conheço a residência da dor.
É um lugar afastado,
Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas,
Com umas imensas vigílias diante do céu.
A dor não tem nome,
Não se chama, não atende.
Ela mesma é solidão:
Nada mostra, nada pede, não precisa.
Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,
Mas não é rosto de corpo,
Nem o seu espelho é do mundo.
Conheço pessoalmente a dor.
A sua residência, longe,
Em caminhos inesperados.
Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores.
E ouço dizer:
“Quem visse, como vês, a dor, já não sofria”.
E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.
Conheço-a de perto.
Pessoalmente.
É um lugar afastado,
Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas,
Com umas imensas vigílias diante do céu.
A dor não tem nome,
Não se chama, não atende.
Ela mesma é solidão:
Nada mostra, nada pede, não precisa.
Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,
Mas não é rosto de corpo,
Nem o seu espelho é do mundo.
Conheço pessoalmente a dor.
A sua residência, longe,
Em caminhos inesperados.
Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores.
E ouço dizer:
“Quem visse, como vês, a dor, já não sofria”.
E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.
Conheço-a de perto.
Pessoalmente.
- Cecília Meireles
quarta-feira, maio 15, 2013
viagem
é perfeitamente adequado
eu esquecer a poesia
e me dedicar ao ódio
e dele mesmo me esquecer
não sou eu e é a ele por quem ando
para que seja outro homem
nas mesmas pernas
na página imaginada
onde nunca escrevo
mas morrendo agora mesmo
terei certeza de que o que sobreviva
respire?
ou
amor
ainda não
ou nunca mais
amor
ou pelo menos olhe
não para a queda, não para o chão
nem para si mesmo
mas para tudo que foi rasgado
e rasgue mais
eu esquecer a poesia
e me dedicar ao ódio
e dele mesmo me esquecer
não sou eu e é a ele por quem ando
para que seja outro homem
nas mesmas pernas
na página imaginada
onde nunca escrevo
mas morrendo agora mesmo
terei certeza de que o que sobreviva
respire?
ou
amor
ainda não
ou nunca mais
amor
ou pelo menos olhe
não para a queda, não para o chão
nem para si mesmo
mas para tudo que foi rasgado
e rasgue mais
terça-feira, abril 23, 2013
mais um caso
não quero matar
a sangue seco
e piscar os olhos freneticamente
enquanto vejo
as horas que nunca existiram
os passos que nunca existiram
as módicas esperas que não existiram
eu retiro
o corpo diante do espelho
inteiro por onde não andamos
o que veste hoje
mas senão assassino o que sou
se é a única coisa que ressoa quando escrevo
ou te vejo, pessoas há muito mortas
me acusando de seu infortúnio
e um detetive me persegue
assoviando Chopim entre dentes
amarelos e podres e fétidos e pegajosos
é claro que pra ele é só um caso a mais.
a sangue seco
e piscar os olhos freneticamente
enquanto vejo
as horas que nunca existiram
os passos que nunca existiram
as módicas esperas que não existiram
eu retiro
o corpo diante do espelho
inteiro por onde não andamos
o que veste hoje
mas senão assassino o que sou
se é a única coisa que ressoa quando escrevo
ou te vejo, pessoas há muito mortas
me acusando de seu infortúnio
e um detetive me persegue
assoviando Chopim entre dentes
amarelos e podres e fétidos e pegajosos
é claro que pra ele é só um caso a mais.
quarta-feira, abril 03, 2013
nada de errado
Não há nada de errado
em tomar um café à noite
e cair no escuro do
seu olhar me notando
ou doentes
e suas pílulas assim
que acordam, viciados e envegonhados
ou rancor no verso entre a porta e a cama
ou quem morre pela tarde
como se logo mais
encontrasse.
em tomar um café à noite
e cair no escuro do
seu olhar me notando
ou doentes
e suas pílulas assim
que acordam, viciados e envegonhados
ou rancor no verso entre a porta e a cama
ou quem morre pela tarde
como se logo mais
encontrasse.
segunda-feira, março 25, 2013
ateus
por
que não transforma mentira em verdade
não
rezo mais
não
me possuo,
então,
nos mais rachados pedaços
que
sofra não estando ajoelhado prostrado
ferido,
não rezo mais por que não
transformo
em aceitação estes seus olhares
e aqueles do passado
e
ainda os que virão e também os que não existem
por
que não rezo mais, entende
que
o que me sustente é o mal
os
horrores, perversões
e o
ingenuamente bom, que me prende
entende
por que não ainda
ando ao seu lado só na claridade dos corpos
na
escuridão dos cigarros apagados
que te compreenda você não entende
em
todas suas argilosas manias em todas suas agonias malditas,
por
que não rezo mais.
quarta-feira, março 13, 2013
Drops
drops
gotas
sua possível ausência pressentida a quilômetros de distância
folhas
(que você atrai antes da) chuva
essa agitação (de luz até) com olhos fechados.
agora não sei se foi embora (ainda)
você e o que comemos no café
guloseimas
flores
carne e maldades
tão bom que as mãos também não sobraram
tudo é escrito
gotas
sua possível ausência pressentida a quilômetros de distância
folhas
(que você atrai antes da) chuva
essa agitação (de luz até) com olhos fechados.
agora não sei se foi embora (ainda)
você e o que comemos no café
guloseimas
flores
carne e maldades
tão bom que as mãos também não sobraram
tudo é escrito
sexta-feira, março 08, 2013
Encontro
Éramos muito unidos e
há três
meses
navios se afastavam
escuros
a noite partindo
na noite
dispersos nossos abraços
inéditas sombras e bocas
nos comunicavam
o que hoje não
há mais
hoje nos arrumamos
pela manhã e
cotos brutos belicosos
comeremos juntos ainda
novos
ao meio dia.
quinta-feira, março 07, 2013
O Cachorro Azul
Certa historia indefinida, magra e que andava arrastando correntes no chão, uma história fantasma. No caminho para o trabalho eu acordo. Eu acordo e ainda é noite, o dia não passou. Percebo que tenho essa falta de olhos nas horas. Pensei que poderia estar na janela e uma brisa leve e fria no meu rosto. Definitivamente não quero me importar com outras pessoas. O celular toca, e um favor, buscar meu sobrinho na escola. Com o sobrinho eu me importo. Corro, já está noite. Meu sobrinho aguarda com uma cara qualquer, alheia. Tem sete anos. Ele diz que gostava quando o levava de moto. Me faz rir. É um menino quieto, se parece com o pai. Às vezes pensava que a melhor relação que poderia ter com meu irmão era com o filho dele. Meu sobrinho era impressionado por uma história em especial, O Cachorro Azul, que é uma história contada na família. Minha mãe tinha terror de várias coisas, mulher muito temente, uma de suas superstições tratava de cães brancos, os machos. Não se podia ver um em dia de chuva ou que ia chover, e mesmo que tivesse chovido no dia anterior que já ficava tremendo. Isso vem de quando era pequena e a vizinha lhe falava do cão branco e contava a tal história. Num belo dia uma senhora muito gorda passou pela rua e disse (para essa vizinha), ‘que vai chover, só espera’. Logo às onze da manhã, um mendigo conhecido da rua, passou comendo um cenoura e disse ‘olha só aquela nuvem gorda’. Mas a vizinha investigou o céu e nada viu. Às três da tarde uma criança vinha correndo e deixou alguns de seus pertences cair, a vizinha ajudou, e na dúvida, quis saber daquela pressa toda. ‘Minha mãe disse pra eu não sair, que ficasse atento, se começasse a chover eu tinha que tirar todas as roupas do varal’. ‘ Mas, garotinho, hoje não vai chover’. A criança tranquilizou-se. “Só que se chover o meu cãozinho branco vai vir pra te morder”, ela gargalhou do que a criança disse. (Nesse momento minha mãe parava e nos olhava como se esperasse mais alguém chegar) Nenhum cachorro a visitou.
Entrego o sobrinho. Todos ali com
cara de assustados, todos minha mãe. Entendo que algo horrível aconteceu e que
é pra passear com o garoto, o próprio agora já assustado. Que não vida.
quarta-feira, fevereiro 06, 2013
No Map
once again
i miss the way
i say bring me back
but my legs no with their mouths
agatha christie's book in hand
ask me do you pretend
silence, bones, afraid
the answer i guess you waiting
long ago a person already sentenced
kill yourself and million maybe
M. M. Crostee
domingo, janeiro 27, 2013
branco
tento fugir dessa perseguição branca
minha respiração branca
os dedos brancos
no sangue
na concordância branca
nas minhas palavras, no aceno de cabeça
no sim
fechado ou aberto dos olhos
que perpassam (consigo?) o jornal
branco, que dia que idade o ano
no sangue
mas não sou só eu
os vejo todos os dias
expirando sons sem cor nas caras
nas almas brancas
penso que preciso de uma arma, faca, carro
não penso
sei que sou visto mergulhado no escuro
(não vejo?)
todos flutuando no branco
todos têm nomes, sobrenomes, fomes
nos vemos todos os dias
no branco em que nos cumprimentamos.
minha respiração branca
os dedos brancos
no sangue
na concordância branca
nas minhas palavras, no aceno de cabeça
no sim
fechado ou aberto dos olhos
que perpassam (consigo?) o jornal
branco, que dia que idade o ano
no sangue
mas não sou só eu
os vejo todos os dias
expirando sons sem cor nas caras
nas almas brancas
penso que preciso de uma arma, faca, carro
não penso
sei que sou visto mergulhado no escuro
(não vejo?)
todos flutuando no branco
todos têm nomes, sobrenomes, fomes
nos vemos todos os dias
no branco em que nos cumprimentamos.
segunda-feira, janeiro 21, 2013
entrementes
tenho certeza
por nossas testas
-também li velhos cadernos
traças, pó, minusculas aranhas -
e tive certeza
não somos quem eram
eles, anacrônicos
antipáticos, tinham fome
só depois da meia-noite
criamos andares (criaturas sem ossos)
pernas e lábios
- visões em que flutuamos
no sal, mar, no éter -
e saí finalmente através do tempo
que não vivemos,
um mês que fosse, por engano
nenhum
daqueles existentes no seu
papel que marca os anos
seria sorte ao menos uma vez
sorrir
até com os dentes
invés de testas
entrementes.
por nossas testas
-também li velhos cadernos
traças, pó, minusculas aranhas -
e tive certeza
não somos quem eram
eles, anacrônicos
antipáticos, tinham fome
só depois da meia-noite
criamos andares (criaturas sem ossos)
pernas e lábios
- visões em que flutuamos
no sal, mar, no éter -
e saí finalmente através do tempo
que não vivemos,
um mês que fosse, por engano
nenhum
daqueles existentes no seu
papel que marca os anos
seria sorte ao menos uma vez
sorrir
até com os dentes
invés de testas
entrementes.
sexta-feira, janeiro 11, 2013
quarta-feira, janeiro 02, 2013
ninguém, nem mesmo a chuva
não sei se eu sou prédios
ou você
altos
o dia começando entre pulmões
sensuais
ou não, você
o mesmo endereço, me pergunto
enquanto chove
na mesma rua
ou você, não
os policiais invadem
eu sempre em fragrante
levam eles pela rua, envergonhados
as calçadas ainda úmidas
me volto, vazio
por onde você dorme
ou você
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