sábado, julho 22, 2006

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Parou. Olhou em torno do convés que, ao balançar, deixava-o eufórico, pensou no vento em seu rosto e na escuridão marcante. Pare! ouviu-se gritando, mas a última pessoa já se tinha ido, e agora? Nada, correu, e se equilibrando na borda do navio, ainda pode ver o Capitão lhe acenar, assim respirou fundo e se jogou, o mar o tragou logo. O Capitão ficou a balançar, só, no navio, talvez junto com alguém que, triste, não conseguiu se mexer. O navio afundou. Nota-se, ao colocar-se junto à parede um langoroso som: caído.



Lugar Dele


Esta é uma história sobre Carlinhos, e Carlinhos, como é normal, não gosta de ser chamado de Carlinhos, isso não é novidade.
Perceba que ele pode ser diferente, quando, por exemplo, acaba a tinta da caneta e ele a joga no lixo, com raiva, ou ainda, quando a caneta começa a falhar, ele continua a tentar escrever riscando, freneticamente, nos lados do papel, em um pequeno e quente ciclo destinado ao fim, do que esteja fazendo.
Pense bem, o que isso tem de diferente? Nada, como este texto, que é basicamente igual a muitos, tentar mudá-lo? Sim, mas seria difícil, tudo bem, meu pessimismo me diz que não irei conseguir, vamos tentar:
Correu, rapidamente, ocultando-se da maioria, olhou em volta, sentiu um cheiro, um odor, é ele.
--- Carlinhos, Carlinhos!...
Oi, disse Carlos, que não chamarei de Carlinhos. Aquele era Jordan, tinha sangue nobre, era de raça.
Carlos o acompanhou até a estrada norte, ficava do lado do cemitério, não estava de noite, então não ficaram com medo, entraram.Sei que não está diferente, mas continuo.
Túmulo 14C. É seu, disse Carlos pra Jordam, Vai ficar aí quando morrer, completou.
--- Seu paspalho, num vou morrer não, ainda não, tu nem tem reserva aqui, fica quieto.
Depois do pedido de desculpa, Jordam se acalmou, Percebem a distância? Entreolharam-se, admiravam segundos antes o túmulo 15C, era Ana Cristina, a dona o apartamento 183, do Palace Ben, tinha se matado. Deve tá toda estraçalhada, né? Perguntou o jovem Carlos.
--- Deve...
Foi aí que entreolharam-se. Saíram de lá às duas, pense. quem se assusta às duas? Carlos e Jordinha andaram normal, fingindo segurança, depois, correram como crianças.
Jordinha parou perto de sua casa. Quer entrar? Perguntou, a resposta:
--- Não... tu achas que consigo chegar às duas e meia no Hospital de Sun?
O Amiguinho de Carlos não respondeu, perceba a ação: O silêncio, não, não é isso, só que os dois sabiam, sabiam a resposta.
--- Não... não, eu sei -- respondeu a si mesmo Carlos -- já vou, tchau...
Acha que ele responderia, tchau amigo, pró Jordinha? Não mesmo, pense, eles não eram amigos, o tchau é importante, o tchau não é mais importante. Trevas e horror, se não era isso, como seria um filme de terror? Sem isso... num seria.
Atravessou a Rua Marca, tomou devido cuidado, passa carro,
passa carro, mas ele conseguiu! Chegara ao hospital às duas e trinta e dois, ficou calmo, nervosa , mas passou logo, calmo. Fez umapequena curva, subiu a escada velha, contornou o Objeto aos Exploration, olhou com graça pra eles, parou em frente ao quarto n.º 696, não antes de forçar um "olá!" Para a enfermeira Gude. Entra num entra? Entrou, olha em volta, onde estará? Procura, procura, olha, tenta, não vê, perceba, ele queria. Onde se encontra? Pergunta ao enfermeiro loiro que diz um simples "saiu" e retorna à sua sala 14b do segundo andar. Carlos não controlou sua mente quando perguntou:
--- Por que o quarto nº696 fica no 2º andar, se só tem 10 quartos em cada andar?Não ouve resposta, pense, só ele ouvira a pergunta .Nebuloso, era o dia, quente também.
Viu-se num enigma: Onde andará?O porquê?
Carlos sabia que tinha uma pista, o quarto, isso sim iria ajuda-lo, primeiro, olhar pela janela, bingo!O carro não estava lá, Carlos se atrasara.
Houve depois disso muita briga, Carlos não poderia ter chegado atrasado.
---Não podia, eu sei ...
Ouviu-se então uma voz sorrateira, já haviam rido dela, porém leve, lenta, como se estivesse ao vento, temo pelo final, quem o entederá?Escrevo não para mim, mas para os outros, estou com medo, fiz meu tanto, lá vai,
...Era uma voz calma, leve, horizontal que disse ao léu:
--- Paroxismo...

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