segunda-feira, dezembro 05, 2011
Dezembro
a chuva estúpida no seu rosto o sol
e lembre
é dezembro, as folhas das nossas árvores caem
os braços se alfinetam em abraços
o corpo das rimas natalinas
passeando
dezembro que se acaba e leva junto
as horas, o alvejante das roupas – o futuro
e o claro dos seus olhos escorrega pelo mês
espero que a minha vez
chegue, e o presente
seja cachorro ou pássaro ou música
sorria pra mim, com os dentes.
quarta-feira, novembro 30, 2011
do interior
![]() |
Augusto Brazio |
Posso esquecer a crise dos seus
pulmões. E a técnica dos
seus joelhos. Esqueço toda hora
os antebraços e as mutilações
dos seus cabelos
os seus olhos afundados, submersos
há vários anos.
E de todas as páginas que
eu podeira escrever --
afinal não existe céu ou navalha --
nenhum espaço entre as letras
é pra você.
Hoje morreu o pessoa
Hoje morreu o pessoa
hoje há 75 anos
morreu pela curva
torcendo que a
língua possua
perfeita e fajuta
o sabor que nos altere
e por fim destrua.
hoje há 75 anos
morreu pela curva
torcendo que a
língua possua
perfeita e fajuta
o sabor que nos altere
e por fim destrua.
sexta-feira, novembro 25, 2011
labirinto
![]() |
Henri Cartier-Bresson |
a terra cresce invertida
dedos as raízes, quebram o muro e
a vida se esgota em pleno minuto
o esgoto é seu dilúvio preso na língua
o que você diz
se fosse mais saudável
a promessa traduzida no que você vê
não está em mim
o labirinto se recupera pelos passos
não há encontro.
mesmo que o que vejo represente
o que se sente.
segunda-feira, novembro 14, 2011
certeza
Penduradas as palavras abraçam
um pulo da janela
em que não vejo
meu corpo esculpido por um carro na esquina
capa de um livro por todos escrito
Me leio com um tiro, o eco a cor o sabor
escuridão em pílulas em que engasgo
no trato com as pessoas, no trato com os ratos
tudo arrastado com a água com o fogo com o amor
ruídos de paz mal dormida, a agitação deprimida
O sol giz da infância, ideias soltas, babando verdades
envoltas em fim.
um pulo da janela
em que não vejo
meu corpo esculpido por um carro na esquina
capa de um livro por todos escrito
Me leio com um tiro, o eco a cor o sabor
escuridão em pílulas em que engasgo
no trato com as pessoas, no trato com os ratos
tudo arrastado com a água com o fogo com o amor
ruídos de paz mal dormida, a agitação deprimida
O sol giz da infância, ideias soltas, babando verdades
envoltas em fim.
domingo, novembro 06, 2011
Não Apareça
![]() |
Diane Arbus |
hoje é dia que não preciso de pessoas
suas costas em que constam
os dias e histórias
ponto perpétuo de estratégia
a cara desarrumada, a vaga lembrança ilustrada
no sofá, na cama, na mesa quando acordam
por que pessoas são conspirações
e estou no meu direito de ser paranóico
Não me apareça, não me exista. Não seja nem pássaro
sou daqueles que pula um espaço pra ver se nasce de novo
e me espanto em que as pessoas falem, gestos e pregos
na minha parede, no meu cérebro
Mas me afogo na advertência, não me apareça
nem memória nem penhora
dá pra passar bem sem mim ao menos hoje
(me imagine morto há vinte anos)
por hora,
a noite pelas beiradas
à tarde, desaparecido
No outro dia
o outro, o outro
que você conhecia.
segunda-feira, outubro 31, 2011
iguais
Nos meus
corpos
besouros evocam
vacas choronas
as pernas e Diana
comendo doces e limões
sozinhos com os próprios dentes
remoendo Camões
as mães a mesma
lesma ou mel
Nos meus
contos, o louro
as olimpíadas, a vitória
a cobra sem maçã
grande eco de um futuro alzheimer
a mão que baba
o pai de Kafka
a chuva arrasta a chuva
sem água.
Grandes irmãos que com
o tempo vão
descriando provisões
se alimentando de previsões
somos animais em extinção
a quem nos matar a recompensa
em sua mesa o que desejar
em sete gerações.
sábado, outubro 22, 2011
nos continuasse
Você também que
odeia rua sem saída
proteste como se
sua vida
estivesse na minha
e ao entrar em uma dessas
a volta, um só
caminho
voltasse, se
contradizendo perdido
na própria cidade,
no próprio bairro
Porque se ela
continuasse nós
nós mesmos nos
encontraríamos
quarta-feira, outubro 05, 2011
Em Que Vivemos
![]() |
gerard castello lopes |
imagino a tesoura que se corta a si mesma
a corda enlarguecendo a presença
a fase da lua antecipando a luz que abriga
a conclusão o final, enlanguescendo
a terra crescendo sem sementes
os versos retrocessos comendo
a fatia do pão ainda pela manhã
quente como o vento, panos em sua testa demente
o amor escorrendo, caindo quase frio na bacia com água fria
os dias de quem anda requentando o líquido fingido
de quem não precisa um deus uma mãe
um espião na própria mente
os entes na floresta, na casa
todos que olham
o aniversário enviuvado,
a uva, o vinho errado
no desvão a mão que suporta.
e que escolta para o mundo
sexta-feira, setembro 30, 2011
contradição em termos
Ou não é um objeto
uma mochila que lhe traga
tudo
o produto do roubo, filho da trapaça
ou não é contradicto
o modo de irmos à polícia
a gana e calma dos vícios
tudo sendo dito
a medida que ossos e grades fundidos
o tamanho do fim do ano encontro
solto ou não é.
uma mochila que lhe traga
tudo
o produto do roubo, filho da trapaça
ou não é contradicto
o modo de irmos à polícia
a gana e calma dos vícios
tudo sendo dito
a medida que ossos e grades fundidos
o tamanho do fim do ano encontro
solto ou não é.
quarta-feira, setembro 28, 2011
"igual à raiz os galhos crescem "
posso esquecer meus medos
meus mortos nos joelhos
quando pressentir meus medos crescentes
e em outras línguas te chamo, mesmo
para representar a inexistência, a insignificância
dos mesmos significados.
N. Costaregia
sábado, setembro 24, 2011
sábado, setembro 17, 2011
Do Começo
![]() |
© Foto de Evandro Teixeira |
o escuro
não decepciona
na imagem que tem de mim
pelos quatro cantos da janela
nos enxergamos
o vidro
sujo indistinto mancha
o coração dentro do sangue
o brinquedo da sua infância
resgatado no meu corpo
Mas pela luz nos deixamos
sem conhecer qualquer fonte
a música entrando pela garganta
as palavras
como um fim.
domingo, setembro 11, 2011
quarta-feira, agosto 24, 2011
#
na chuva você se afasta
a água
as pontas dos dedos uma última lição
que me traga, me pergunto
aprendemos
a água
as pontas dos dedos uma última lição
que me traga, me pergunto
aprendemos
domingo, agosto 21, 2011
quinta-feira, agosto 18, 2011
Felicidade
Percorro os pelos espelhos do seu corpo
das partes esquecidas aos extremos
que emitem sons do eixo rouco presos
numa garrafa, a garganta despeja a espera
por suposto me vejo, o olho mágico subalterno
a estrutura dos restos capitalizada em mim
o espasmo do externo, a vida de um concreto
o meu corpo como meu, banido e circunspecto.
terça-feira, agosto 16, 2011
terça-feira, agosto 09, 2011
Conselho
Talvez você devesse
dormir e
aspirar
e se virar comodamente
na sua cama
e só depois se
levantar e odiar
toda a sua família.
de alguns anos atrás
sábado, agosto 06, 2011
Ficção
rever
sóis
a fímbria da fissura
das suas memórias suas asas
um conto sobe na árvore, a estaca
no peito
jaula
a grama corrói alguma virtude
como se eu implorasse paixão
sóis estancam no mesmo céu que o meu
no peito
nunca exatidão ou na terra
sábado, julho 30, 2011
Raízes
Estou B no mundo
incluso
o réptil fora da terra
que prevalece
a árvore pintada pra es
te dia de festa
o seguimento começa,
a calda intercepta
a frágil caixa
nas nossas conversas
à raiz periférica
p/ e.e. cummings
quarta-feira, julho 27, 2011
domingo, julho 24, 2011
Alma das terras desconhecidas*
Se a terra ar não tivéssímos conhecimento
astrologia na carta e-mail que seja
que prolonge amor de cortar o sangue por quatro meses
a foz dos corpos nas gargantas a fé
a vida mostrada moça vã adolescente
em nenhum lugar se encontra em nenhum se peça
a cratera da espera as raspas da casa olhando direto
nãopodiaesperarumencontroqualqueramorteassoviando
pro sol pra água que sai de seus pulsos
a corda
a arma
a marcha andando pessoas pessoas e seus animais
a surpresa do toque cola em mim a macia carícia
na urina ou na justiça seca a vida ou as aspas
justifica e bebe na escada
*título de Trecho traduzido de uma música dos Dead Man's Bones
quarta-feira, julho 20, 2011
Sistema
o sonho é o mesmo
do beco à rua
do sul a chuva, o centro
árvores no inverno não existem no verão
não conheciam
que eu falava outra língua
e a água interminava os meus suícidios
de tantas coisas
não conheciam
a língua escorrendo no meu corpo
a noite nos músculos estouram
e aprendo
a trocar de pele, que cresce,
nascendo.
![]() |
Hulton-Deutsch |
do beco à rua
do sul a chuva, o centro
árvores no inverno não existem no verão
não conheciam
que eu falava outra língua
e a água interminava os meus suícidios
de tantas coisas
não conheciam
a língua escorrendo no meu corpo
a noite nos músculos estouram
e aprendo
a trocar de pele, que cresce,
nascendo.
domingo, julho 10, 2011
Tudo Nos Leva Ao Meio-Dia
A manhã ainda escura
seu rosto - luz
- refletida nas escamas de um peixe
nas garras de um urso no zoológico
luz nas nuvens ou no sangue
sigo cego um guia distante
a frota inteira daqueles barcos
nos seus cabelos
aranhas inflamam o mel, iridescente.
ainda estranho as cobras, seus dentes
as proteínas, as enzimas
sua matéria, a minha
amigo veneno ou faca de cozinha
a luz irrefletida dos seus atos
o interruptor, vasculho e abro
como no buraco atrás dos nossos olhos
como na árvore genealógica o vento sopra
no ouvido no músculo na música
se é bom ou ruim, a manhã acaba.
quarta-feira, julho 06, 2011
Sem País ou Todos
não posso dizer que se encaixe
poesia
em detalhes
rio ou lago famoso
o monstro que ensina
nos cantos vozes femininas
choram ou riem ou depravam
mas espero a minha hora
o céu não existe salvo à noite
esqueci na estante
de uma biblioteca escondida
em qual cidade, num país
e que falava : criamos tudo e isso existe,
e verdade, nós passamos a não existir.
quarta-feira, junho 29, 2011
domingo, junho 26, 2011
Meus Próprios Fins
ou I´ve got the spirit, but lose the feeling (joy division)
fogo sem partilha,
as nuvens da fumaça conhecidas, conhecidas
desde o nascimento
as cinzas convertidas
em qualquer lugar, qualquer coisa
em um carro numa chuva lânguida
a única coisa que se molha é a minha natureza,
nesta inundação, nesta inundação
a pudica palha da alma rasteja na água, desapropriada
o medo escapa e permanece o medo, escapa e permanece
nós não paramos em qualquer lugar nesta beira da estrada
na esquina nossa casa
espera, a porta fechada
um conto entrando pelos cotovelos
o fogo encarando os olhos no espelho
finalmente anoitece, se existisse uma mancha grande no meu corpo
que cresce e cobre e me leva
pra dentro.
sábado, junho 18, 2011
sobre o tempo sem caule, uma promessa. *
No amor incapaz, cão na hora certa – as rezas (Sou)
Vaza o carma e a carne
pelos meus olhos, antes não chorava
antes não chorasse, calma
me fale e não seja gente, não se assuste, não exista.
Só ao meu ouvido refaça
o tempoe nestes termos
não se conheça o fim – os lugares preferidos
infinitos no espaço.
__________________
segunda-feira, junho 13, 2011
sol
Construíram a casa e o pó asfaltado
quinze horas por dia, os corpos já não existindo
realmente quis isso
os esforços
pelas tardes o chá na varanda
bem trancado à noite.
durantes as manhãs morrer.
quinze horas por dia, os corpos já não existindo
realmente quis isso
os esforços
pelas tardes o chá na varanda
bem trancado à noite.
durantes as manhãs morrer.
segunda-feira, junho 06, 2011
O Mar
O mar esta à mercê por onde durmo
bate lentamente a minha porta, com
suas ondas.
leves leves voando entre nuvens e
também por estrelas.
o céu negro abisal - fecho os olhos
monstros de todos os tamanhos
eles me auscutam o coração.
sou pedras mergulhadas.
noto, algo navega nessas águas
curioso, levanto os olhos - palavras.
bate lentamente a minha porta, com
suas ondas.
leves leves voando entre nuvens e
também por estrelas.
o céu negro abisal - fecho os olhos
monstros de todos os tamanhos
eles me auscutam o coração.
sou pedras mergulhadas.
noto, algo navega nessas águas
curioso, levanto os olhos - palavras.
sexta-feira, junho 03, 2011
shadow literature
enquanto ando a cidade me engole
indiferente,
eu noto as sombras, minhas ou alienígenas
fazendo caras, rostos, expressões.
de qualquer livro eu saio, margeando o próprio corpo,
querosene e fogo, queimando.
o gosto maniqueísta dos nossos sangues
tanques atrás das palavras
atrás de provas
cada vez mais se acumulando
se esquivando, isolando-se
casas são só sombras
aves são sombras
mãos são sombras
água no seu rosto, sombra.
quinta-feira, junho 02, 2011
outros pedidos
talvez seja uma longa vida
esticada, espriguiçada
raíz reta pela terra
veias nunca corroídas
passo-doble numa noite
rostos pelo vento envoltos
corrida pela rua
chuva sol lua
talvez os ossos animados
o sangue
como um pequeno homem
em grandes roupas.
esticada, espriguiçada
raíz reta pela terra
veias nunca corroídas
passo-doble numa noite
rostos pelo vento envoltos
corrida pela rua
chuva sol lua
talvez os ossos animados
o sangue
como um pequeno homem
em grandes roupas.
segunda-feira, maio 23, 2011
pre
sexta-feira, maio 20, 2011
Pop
Um gêmeo a
ideia constante de um
duplo, a linha-pesca da
imagem, semelhança na
boca deslavada a
busca fadada à queda, ser
lenda noite adentro ver a
sombria chuva desta noite e
crer carente na hipótese.
terça-feira, maio 17, 2011
O Túnel
No final encurralado de uma linha
(sorriso ou olhar na luz, na rua)
Hoje no começo da manhã ou
inalação de várias palavras
nas cartas nos trechos e sortes
(e nos erros)
descarte as possibilidades,
até a vida,até ela.
in memorian Ernesto Sabato (Rojas, 24 de junho de 1911 - Santos Lugares, 30 de abril de 2011
terça-feira, maio 03, 2011
geração
sábado, abril 30, 2011
Golpe Na Carne da Vida ou Falando do Meu Túmulo, interminável
distância
os braços no banho a certeza,
o dia, a grossa camada da vida
retida
o viés da revelia,
revolta
inicia a corda respiro não só
o meu pescoço
por hora o tempo finalmente me aceitou
grandes animais morrendo no deserto
andando. a caça estrelada neste céu
a noite, finalmente me guiando como um irmão
nos braços do tempo
caindo sem perceber, como qualquer um a
qualquer outro lugar.
II
lama era noite a cidade enrugada o sexo nos precensiamos nao sabia falar algo daquelas palavras, engana, daquela lingua. A boca era a vespa naquele meu sonho. Os dois andaram avidos a procura do metro, os trilhos, seus dentes, era o cafe da manha. porto, a agua nos seus pes vemos. Os dois caminharam em 65, agora velhos vibram. Despassados, param no rio indo pro mar, um homem vermelho se oferece e poucos segundos atras sai a foto mal feita e mal entendida, queria poder dizer que nem eles assim: hoje nos morremos. E continuar vivendo.
os braços no banho a certeza,
o dia, a grossa camada da vida
retida
o viés da revelia,
revolta
inicia a corda respiro não só
o meu pescoço
por hora o tempo finalmente me aceitou
grandes animais morrendo no deserto
andando. a caça estrelada neste céu
a noite, finalmente me guiando como um irmão
nos braços do tempo
caindo sem perceber, como qualquer um a
qualquer outro lugar.
II
lama era noite a cidade enrugada o sexo nos precensiamos nao sabia falar algo daquelas palavras, engana, daquela lingua. A boca era a vespa naquele meu sonho. Os dois andaram avidos a procura do metro, os trilhos, seus dentes, era o cafe da manha. porto, a agua nos seus pes vemos. Os dois caminharam em 65, agora velhos vibram. Despassados, param no rio indo pro mar, um homem vermelho se oferece e poucos segundos atras sai a foto mal feita e mal entendida, queria poder dizer que nem eles assim: hoje nos morremos. E continuar vivendo.
terça-feira, abril 26, 2011
Nas Minhas Melhores Roupas
![]() |
Edouard Boubat |
Desculpa o pouco pagamento
inocente
e que eu não pareça
correto ou sincero
a corda na alma
puxa para baixo, para o escuro
não só a minha história.
A farsa egoísta das minhas visitas,
despreze, não ser eu quem
anos atrás ou agora mesmo
possa de dar o cinema
(migalho subornando Shakespeare)
as palavras famigeradas na miséria
por que perco sempre para um primeiro
homem, um primeiro aceno, um
primeiro sofrimento. Ser aquele que
escolhe e corre para aquecer o sangue ao sol
e volta escorrendo amor
(faço anotações para que não me guardem o que sobrou).
sábado, abril 23, 2011
DNA
Na sala a luz
ultrapassa a janela do meu corpo
era o mesmo corpo que pela manhã acordou
para o trabalho
falou com um desconhecido que pedia as horas
bêbado
não sei
dias ou tempos depois, desconfio
não era eu
a luz espero ser a mesma
para com sorte juntar
a obsessão palavras a cara
não só me reconhecer
mas não ser quem a luz não ultrapasse.
sexta-feira, abril 22, 2011
nomes para o mesmo nome
Consulto as horas por mim mesmo,
risco solto no sangue
nos sangues
nas noites:
me perco futuro e sou fraco
labaredas e corvos leem
a voz, neste dia a raiva
nesta noite a tristeza
ainda não dão certo nossos planos
ou meu
sozinho encarrilhado no sorriso
fato e verso no destino
curva sobre a
espera
quinta-feira, abril 21, 2011
luzes à noite, sol de quem não nasceu
A antinomia do seu corpo
na minha anatomia
a grama rasteira
um peso,
seu passo para o lixo
a agonia livre
me veem assexuado
preguiçoso
inabalável
- incurável,
ainda passo
no traço suave
ainda caindo dos corpos
(doses cavalares na desordem)
seguro um telefone para
a rua.
na minha anatomia
a grama rasteira
um peso,
seu passo para o lixo
a agonia livre
me veem assexuado
preguiçoso
inabalável
- incurável,
ainda passo
no traço suave
ainda caindo dos corpos
(doses cavalares na desordem)
seguro um telefone para
a rua.
quarta-feira, abril 13, 2011
Maldição que vem com a brisa, só o paraíso
Acabei por encarar
que
embaixo dos meus pés
um espírito sombrio, não sei
se me impulsiona
ou arrasta para mais baixo
sóbrio ainda constato
que por mais que alguém
ande comigo, me divido e
me dão por desaparecido
gosto na boca, sentimentos
estou fugido.
ora, não espero que sobreviva
eu ou a criatura
rastejo em pés, se precisar
e dela o que renego
continuo a contar
sábado, abril 02, 2011
Nada se Compara
Azul
espero no começo do dia
o rastro
espero a monarquia
o gesso de suas almas a beleza e a feiura de
suas coroas de suas condutas (nas minhas veias)
melancolia
patrocinada pelo dia,
a calda sombria
a única coisa visível no
azul
espero no começo do dia
o rastro
espero a monarquia
o gesso de suas almas a beleza e a feiura de
suas coroas de suas condutas (nas minhas veias)
melancolia
patrocinada pelo dia,
a calda sombria
a única coisa visível no
azul
domingo, março 27, 2011
viciado
força em vestígios
os passos
os cortes
os estremecimentos
os apetrechos - enlaçados - encalacrados
amor
pessoas na rua correm e esbarram em mim
cinzas de lembrança - postes sem luz
amor
os passos
os cortes
os estremecimentos
os apetrechos - enlaçados - encalacrados
amor
pessoas na rua correm e esbarram em mim
cinzas de lembrança - postes sem luz
amor
quinta-feira, março 24, 2011
Não conheço do passado o presente
sábado, março 19, 2011
sexta-feira, março 18, 2011
você está dizendo
Não espero que ninguém goste de mim por inteiro, mas por pedaços
E o tom de desapontamento, um ponto na contagem, e fico grato.
quarta-feira, março 16, 2011
A Vingança Multiplica-se
![]() |
i spit on your grave, movie |
"Se vingue do poema, mate a poesia" J. Eli Scwhinn
grande a sua satisfação,
sapatos brilham seus pequenos filhos suas colheres de chá
que combinam a verdade com a linha que desce do seu pescoço
que um homem colocou um colar em você, na fotografia
me impulsiona sou irascível não existo no que há
gordo o seu orgulho são
meus óculos mornos uma bebida o alívio fosco
tortas malas sala mas outrora descrevia
fones as minhas mãos nos seus cabelos
um leão anda tranqüilo pela gare
um sonho imundo o orgasmo cloro
um dia vigia as formas claras claras
engasgam ou cantam nas arvores
pavores na linha o trem o silêncio
quarta-feira, março 09, 2011
Estranho mas não Estrangeiro
boa noite
boa
os insetos vão parando de existir
não os posso esconder, o êxito
a noite se esquece de me gerar
engana, eu desejo
o verão se deteriora,
canta
posso enfim não estar isolado
encamado, enlutado
o ano descansa em mim
nesta noite o século fecha
a névoa decreta
o sono
o sonho
o nosso encontro
todos eles diferentes
rasgados ou por inteiro
todos eles indiferentes
na sombra ou vozes na rua,
algures eu.
domingo, março 06, 2011
The Logical Song - Supertramp
When I was young
It seemed that life was so wonderful
A miracle, oh it was beautiful, magical
And all the birds in the trees
Well they'd be singing so happily
Oh joyfully, oh playfully watching me
But then they sent me away
To teach me how to be sensible
Logical, oh responsible, practical
And they showed me a world
Where I could be so dependable
Oh clinical, oh intellectual, cynical
There are times when all the world's asleep
The questions run too deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am
Now watch what you say
Or they'll be calling you a radical
A liberal, oh fanatical, criminal
Oh won't you sign up your name
We'd like to feel you're
Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable
At night when all the world's asleep
The questions run soo deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am, who I am, who I am, who I am
sexta-feira, março 04, 2011
Detetives Nos Barcos
![]() |
Robert Parke Harrison |
como se não restasse alma
nós dançamos
o corpo
bêbados e drogados
à morte aspiramos e ao
total esquecimento
desgarrados antes mesmo
da própria mãe.
os que não são
de terra e raiz
só voz.
Aprendemos a cada dia
de que alimentos
podemos provar
mas o sangue da testa
não inunda os olhos
grossos germinando
pelo chão
no coração
o símbolo me pergunta,
as ondas dum barco
desatracado há tanto tempo
que inunda
ainda
a vida (a minha) refletida
permanece ficção (dos outros).
sábado, fevereiro 26, 2011
Escapamos De ( Um Sol ) Forte, Tempestade
reclame dos ventos
todos são professores, só
por que esfriam, são só nossos
defensores para a liberdade
nada passou nós sabemos
distorcido
grandes dedos em grandes lábios
nos gestos grotescos
todo mês?
entenda (o que diria se não
visse) a própria letra
na poesia
a crise no seu hálito todo dia
vigia da própria angústia
resiliente
na frente do espelho nos arrumamos
(mas se não visse quem diria)
as nossas camas e o café
da manhã os mesmos ventos
arrumados
o futuro se desprende e não está mais
nos seus cabelos e a música que escutava
se afasta
os braços soturnos do desprendimento
nos direcionam para entreter
não é destino, apenas o tempo
as perguntas e os porquês
durante uma conversa numa semana
quase de frio, chuva na janela
nós revelamos ao mundo o mundo
o segredo, mas ainda
há um pouco atrás dos nossos olhos.
Para Ler Escutando 'Jokerman' de Dylan
Foto de Francesco Zizola |
reclame dos ventos
todos são professores, só
por que esfriam, são só nossos
defensores para a liberdade
nada passou nós sabemos
distorcido
grandes dedos em grandes lábios
nos gestos grotescos
todo mês?
entenda (o que diria se não
visse) a própria letra
na poesia
a crise no seu hálito todo dia
vigia da própria angústia
resiliente
na frente do espelho nos arrumamos
(mas se não visse quem diria)
as nossas camas e o café
da manhã os mesmos ventos
arrumados
o futuro se desprende e não está mais
nos seus cabelos e a música que escutava
se afasta
os braços soturnos do desprendimento
nos direcionam para entreter
não é destino, apenas o tempo
as perguntas e os porquês
durante uma conversa numa semana
quase de frio, chuva na janela
nós revelamos ao mundo o mundo
o segredo, mas ainda
há um pouco atrás dos nossos olhos.
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
No poço não há canto
Sei que não estou bem porque não escrevo
como uma carta a mim mesmo
a cara intacta, insubornável, das pessoas, todos os dias
e insisto no rádio quebrado, a minha explicação
o rosto o mesmo, sem espelho
um passeio depois da chuva, de guarda-chuva ainda
anseio.
a forma do que escrevo, um olho abundante num cerco.
à noite.
estou bem, à contracapa quando escrevo,
raiz das folhas observáveis
e no exercicío repetido da fala
luz numa fotografia jogada nos lençóis,
enlameada
ou almejada.
sonhada.
sábado, fevereiro 12, 2011
Sentiu ser cão negro
o porão nos ouvidos
na manchete de jornal
mas não sou instruído
me chamam instrumental
a barba crescida azul esquecem
não ser sabedoria nem amor
plágio consciente que percebem
cão negro, em chagas, sem dor
São letras míopes com lagartos
rinhas de bichos já indistintos
em que não acho meus sapatos
no bule os significados já fervidos
o desconhecido nos desconhecidos nus
estão inscritos — num muro cru.
na manchete de jornal
mas não sou instruído
me chamam instrumental
a barba crescida azul esquecem
não ser sabedoria nem amor
plágio consciente que percebem
cão negro, em chagas, sem dor
São letras míopes com lagartos
rinhas de bichos já indistintos
em que não acho meus sapatos
no bule os significados já fervidos
o desconhecido nos desconhecidos nus
estão inscritos — num muro cru.
sábado, fevereiro 05, 2011
Still, still to hear her tender-taken breath,
![]() |
Chris Honeysett |
Camas inocentes foram usadas
e deitados o teto não,
meu pai rico homem do campo
que se esquece que um pássaro
tentou entrar pela janela e só encontrou vidro
e vidro mas não sabia o que o impedia
mas não vida,
estava preso no espaço,
o espaço aberto atrás, como no passado.
crianças abusadas agora ainda crianças mas emissárias de nosso destino
todos
ouviram que a grama cresce baixa e a pradaria
juntos.
meu pai pobre corre por não saber quem é
e ainda assim alguém me diz e faz ouvir
o que não posso falar
corrente puxa para o fim do mundo como um roubo e partos
o teto não cai é hora de dormir, os velhos presos ainda na vida
crio um movimento, que acredito ser respiração, mesmo que
não seja vontade, sonho
respiração.
o título faz parte do poema Bright Star de John Keats
quinta-feira, fevereiro 03, 2011
no entanto num segundo
o céu esconde a grama
vejo só seus olhos,
e quando começa a chover
desaparecemos, sinto sua presença
até agora não voltei, eu sei
numa corda de pedra nessa cidade
(nos horrores e nas maravilhas e maravilhas)
estou preso
nas mãos dos outros
e não lembro
mas no meu corpo constato sua passagem
e por enquanto basta.
vejo só seus olhos,
e quando começa a chover
desaparecemos, sinto sua presença
até agora não voltei, eu sei
numa corda de pedra nessa cidade
(nos horrores e nas maravilhas e maravilhas)
estou preso
nas mãos dos outros
e não lembro
mas no meu corpo constato sua passagem
e por enquanto basta.
o título desta poesia faz parte da música BOM SENSO de TIM MAIA
sábado, janeiro 29, 2011
Entrópico
foto de Robert Smithson
O tigre morto no asfalto,
suas listras as listras do carro
também o tigre de bengala, no velho
a velha pose.
o cigarro descartado num copo e a bebida
o calor matura tudo cedo, até as meninas,
os cães lambendo a cara morta,
nos decompomos mais rápido
só espelhos na frente de espelhos
me salvariam
e numa praia sem areia cato pedaços
de pedras reluzentes
na esperança de ver
a menor coisa, a mais fraca,
que não exista.
sexta-feira, janeiro 21, 2011
letra azul num corte cruel, eu li
o coméstico nos seus dentes
ainda beijo
e a própria pele do macaco e
o próprio olho do coelho,
(destes testes)
sinto entre nós
ainda assim,
vento na janela.
grito de lennon em Mother
nós choramos iguais e
cada um em sua casa,
um dia pensou em se matar.
houve uma tarde de domingo que nos falamos
ouve uma tarde de domingo
e lembra.
ainda beijo
e a própria pele do macaco e
o próprio olho do coelho,
(destes testes)
sinto entre nós
ainda assim,
vento na janela.
grito de lennon em Mother
nós choramos iguais e
cada um em sua casa,
um dia pensou em se matar.
houve uma tarde de domingo que nos falamos
ouve uma tarde de domingo
e lembra.
domingo, janeiro 16, 2011
indo quase
nuvens morfológicas
nas gengivas
nas genitálias
que alguém grita algures
e vigia
meus mortos todos, eu sei
não foram enterrados.
estão expostos.
mas aprendi por ilustrações
que ainda preciso falar
preciso rezar
no meu rosto.
um poço
corrói em círculos olhos
visões submundas
razões
que me trasnformam e tumultuam
os dias curtos as longas horas os minutos
venço o vencedor porque somos humanos
e escondo a dor perdendo-se.
juntos eu pulei de um prédio.
estou subindo até hoje.
quarta-feira, janeiro 12, 2011
decidi escrever
estive sendo seguido
as ruas se desgrudavam
mas não moro aqui invariavelmente
há quilometros
num obvio destino
decidi se corria invariavelmente
o pequeno lago me engoliu
e debruçado
me esqueci invariavelmente
ao sul do mapa
desliguei luzes dos postes
(por desespero)
desde então todos são invariavelmente
escuros ou
ninguém
me enxerga.
domingo, janeiro 02, 2011
Aldeia sem Cavalos
a onda encharca o pouco que tínhamos
e frases de outros séculos embocam
nos lábios nos vidros nos limites
não sabemos mais ver,
a grossa água salgada só faz confundir
indelével, imaginável.
em outro lugar tentaríamos outras coisas
mas aqui não se parece,
logo depois que passamos tudo é
rasgado, inadvertido.
debaixo disso tudo resta algum rosto
agora mesmo vi, mas não me lembro
meu ou seu, o sentimento oposto
apesar de levantarmos todo dia
(e ver sóis e luas)
como sobreviventes.
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